Para contar uma mentira, não é preciso mentir; basta selecionar verdades. O princípio é muito simples e amplamente adotado na mídia, na política, nas ciências, nas religiões e onde mais se possa imaginar. Mais cômodo e eficiente é reunir todos os fatos, selecionar aqueles que atendem aos pressupostos, interesses e concepções ideológicas e então transmiti-los. As informações que "não servem" são sumariamente descartadas. A seleção de verdades é mais convincente que a produção de inverdades.

O que chega até nós, meros consumidores da informação, é justamente o que querem que vejamos, ouçamos e/ou leiamos (poucos ainda leem); pois se recebermos apenas o que eles querem, também pensaremos o que eles desejam e faremos o que eles esperam. Toda informação que foge das peneiras é imediatamente refutada (de forma fajuta, é claro) por outras absolutamente destorcidas.

Não vejo a Era da Informação como algo negativo, só lamento o fato de não estarmos preparados para vivê-la. Nossas gerações perderam a avidez pelo conhecimento puro e primordial. Qualquer iniciativa de questionamento é despendiosa demais para quem cresceu sob o "preparado, mastigado e digerido". As redes sociais, então, são a vitrine da imprudência intelectual: gente falando o que não sabe sobre aquilo que não conhece.

• Autor: Gerson Dickel / Comunidade FM
• Imagens: Ilustrativa