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A misteriosa água-viva de apenas dois centímetros que cientistas acreditam ser imortal.

Data da Noticia 12/02/2018
O ser humano sempre desejou a imortalidade, buscando a fonte da juventude, o elixir da vida eterna. Também povoou suas mitologias, religiões e histórias com seres, deuses e heróis que nunca morrem.

Mas, na vida real, quem conseguiu esse feito foi uma pequena água-viva de não mais do que dois centímetros de diâmetro.

Depois de milhões de anos de evolução, esse bicho conquistou um poder de regeneração fantástico e não morre de causas naturais - só quando atacado por predadores. Por isso, em tese, pode viver para sempre.

Batizada de Turritopsis nutricula, é uma das cerca de 4 mil espécies de águas-vivas conhecidas no planeta. Foi descoberta em 1843 pelo zoólogo francês René-Primevère Lesson. Mas só mais recentemente sua capacidade de viver para sempre foi reconhecida.

Há duas versões sobre o achado dessa característica inusitada. De acordo com uma delas, a imortalidade da Turritopsis nutricula foi encontrada por acaso, em 1988, pelo então estudante alemão de biologia marinha Christian Sommer.

Ele passava férias de verão na Riviera Italiana, no Mar Mediterrâneo, e aproveitava para coletar espécies de hidrozoários para uma pesquisa. Nessa empreitada, acabou capturando a pequena e intrigante água-viva.

Sommer levou o animal para o laboratório e o observou por vários dias. Ficou espantado com o que viu. O animal simplesmente não morria. Pelo contrário, parecia que estava seguindo caminho inverso do envelhecimento e da morte, tornando-se cada vez mais "jovem".

A água-viva chegou até a regredir a sua primeira fase de desenvolvimento, reiniciando seu ciclo de vida novamente. E assim continuou sucessivamente, envelhecendo e rejuvenescendo, para voltar a envelhecer e rejuvenescer.

A outra versão diz que a descoberta da imortalidade da Turritopsis nutricula foi feita pelo pesquisador japonês Shin Kubota, hoje um dos maiores especialistas do mundo nesse animal.

Kubota descobriu o poder de rejuvenescimento ou regeneração dessa água-viva quando encontrou, no mar do sul do seu país, uma delas cheia de espinhos em seu corpo.

Ao arrancá-los, percebeu que as feridas se curavam. e o bicho rejuvenescia. Entre 2009 e 2011, o pesquisador repetiu a experiência 12 vezes, ferindo as águas-vivas. Em todas elas, aconteceu a mesma coisa: elas se regeneravam e voltavam ao estágio inicial do seu ciclo de vida.

Das águas-vivas para os seres humanos

Originária do Caribe, hoje a Turritopsis nutricula é encontrada em mares de praticamente todo o mundo - acredita-se que tenha sido transportada pela água de lastro de navios. Não há risco de vir a se transformar em uma praga: nas fases iniciais de seu ciclo de vida, essa água-viva é bastante vulnerável e alvo de muitos predadores.

Mas o que o ser humano tem a aprender ou que benefício pode obter da imortalidade da Turritopsis nutricula? Por enquanto, nada, mas talvez no futuro.

"O mecanismo talvez possa ser repetido em outros organismos, quem sabe até nos seres humanos, mas demanda um profundo conhecimento genético/molecular que ainda não temos", diz Stampar.

"Ainda estamos muito distantes de conseguirmos aplicar isso em qualquer outro sistema biológico, pois não entendemos totalmente o processo nas águas-vivas, especialmente a parte molecular."

Marques tem opinião semelhante. Segundo ele, processos genéticos únicos e inesperados como o apresentado pela Turritopsis nutricula são de interesse do conhecimento do ser humano.

"Terapias e reconstruções gênicas, indução à regeneração e diferenciação de tecidos são áreas que estão nos foco do conhecimento biológico atual", afirma. "Então, potencialmente, um fenômeno desses, se compreendido e reproduzido geneticamente, daria possibilidade de regeneração de tecidos e eventualmente órgãos, o que é impossível hoje."



Todas imagens
  • Autor: Evanildo da Silveira/BBC Brasil
  • Imagens: Alvaro Migotto/Cebimar/USP

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