Apreço às tradições: arquivado projeto contrário a rodeios e provas de laço
Notícia foi comemorada por tradicionalistas da região que ressaltam a importância de preservar a cultura sem descuidar da segurança e bem-estar humano e animal.
O Projeto de Lei 2086/2011, que buscava proibir as perseguições seguidas de laçadas e derrubadas de animais, em rodeios e provas de laço, foi arquivado na Câmara dos Deputados.
A proposta, desde que foi lançada, causou muitas discussões e ampliou o debate em torno do tema, principalmente em relação ao cuidado dos animais. A prática de rodeios e provas de laço fazem parte da cultura rio-grandense e atrai adeptos de todas as idades. O Bom Dia repercutiu o assunto e conversou com lideranças tradicionalistas que comentam a importância de preservar a cultura, os costumes juntamente ao compromisso com o bem-estar dos laçadores e dos animais.
Na opinião da coordenadora da 19ª Região Tradicionalista, Cleusa Sotoriva, se essa medida fosse aprovada, seria uma preocupação muito forte, afinal é um esporte que integra a tradição de um povo. Segundo ela, desde que esse tema ganhou ainda mais destaque, os rodeios continuaram a ser realizados na região. "Os animais sempre são fiscalizados, com o Guia de Trânsito Animal (GTA) em dia, o que fornece uma segurança para todos. Toda essa polêmica que teve, não nos afetou. A questão que ainda está em debate entre os laçadores é que poderia ser prolongado o período do exame de mormo. Isso porque a nossa região não teve incidência da doença e estamos muito tranquilos", explica a coordenadora, citando que há um calendário cheio de atividades e todo fim de semana há rodeios na região, podendo ter até dois eventos no mesmo fim de semana.
"Não observamos maus tratos, pois as pessoas tem um cuidado específico e todos procuram preservar o bem-estar dos animais. Do outro lado, os proprietários do gado, também possuem um cuidado intensificado, pois tudo possui um custo muito alto", destaca Cleusa. A coordenadora reforça ainda, que o grupo está cumprindo as leis e por isso, não há com o que se preocupar.
As provas de laço envolvem públicos de diferentes idades por toda a região. "Meninos e meninas, desde a infância acompanham a família e por isso é algo muito saudável", salienta. No entanto, ela faz um alerta: "como em todos os esportes, há sempre o perigo. Por isso, é imprescindível a presença dos pais. Durante os eventos é feito o seguro obrigatório mas é preciso cuidar para evitar problemas. Não importa se é do campo ou da cidade, o pai se gosta de rodeio, vai incentivar a criança a praticar o esporte", ressalta.
Medidas válidas para ampliar o cuidado
O diretor campeiro da 19ª RT, que também é laçador a 13 anos, Eduardo Brandão, afirma que as discussões feitas em relação aos rodeios foram válidas "pois o pessoal começou a se conscientizar mais em relação ao cuidado dos animais. Isso vem a somar, pois é fundamental melhorar cada vez mais a prática. Contudo, acho que todos estão comprometidos, os laçadores estão observando o controle de exames, os parques de rodeio organizam um boa infraestrutura e a tendência é uma melhoria no que diz respeito à parte campeira", relata.
Para quem não conhece muito sobre as provas de laço e rodeios na região, Eduardo explica que vários são os cuidados a ser considerados, tais como controle de vacinas, ração adequada e exames específicos. "Muitas pessoas confundem os rodeios com as vaquejadas, que são práticas bem diferentes", pontua. A 19ª RT contempla 36 municípios e mais de 1 mil laçadores.
Apoio à causa
O deputado Afonso Hamm, relator da proposta nas Comissões de Agricultura e Esporte, destacou que nas duas vezes apresentou e aprovou relatório pela rejeição do projeto. "Com responsabilidade e sempre observando as regras do bem-estar animal garantimos a continuidade dos rodeios e provas de laço, atividades que fazem parte da cultura do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros", afirmou. Defensor da cultura gaúcha, Hamm entende que as provas equestres representam a tradição e a cultura do povo gaúcho, que fomentam o turismo e a geração de milhares de empregos.
- Autor: Izabel Seehaber/Jornal Bom dia
- Imagens: Divulgação