Engesa, o lendário Osório e o boicote estadunidense
Partes da história que eu não sabia.
Nem tudo o que aprendemos é real; nem tudo o que vemos e ouvimos é imparcial. A história possui faces mal contadas (ou não contadas). Vendo uma seleção dos melhores veículos militares terrestres já criados (tanques, mais especificamente), descubro que o Brasil dominava, na década de 1980, tecnologia de ponta na artilharia pesada. Onde foi parar toda essa tecnologia? A causa do esquecimento é aquela que todos conhecem: o boicote (você deve imaginar de quem).
Pois bem, comecemos pelo princípio. No início da década, a Arábia Saudita buscava no mercado mundial um tanque de última geração para suprir suas necessidades de defesa do território e da maior riqueza do país: muito, mas muito petróleo. Logo, entraram na disputa os melhores tanques da época: o estadunidense Abrans, o britânico Challenger, o francês AMX-40 e, mais tarde, o italiano Ariete.
A Engesa, maior fabricante sul americana de veículos blindados, viu a oportunidade de desenvolver e exportar o primeiro tanque brasileiro (na época o país não tinha, e ainda não tem, um veículo dessa categoria produzido aqui). Surge então o projeto EE-T1 Osório, resultante da junção das melhores tecnologias disponíveis e de esforços intermináveis de grandes engenheiros. Construído às pressas, o Osório ficou pronto a tempo de participar dos testes nos desertos áridos e escaldantes da Arábia Saudita, demonstrando visível superioridade em relação aos concorrentes, eliminando nos testes finais o famoso M1A1 Abrans (EUA). A venda estava acertada, a empresa receberia vultuosos valores pela venda dos tanques e sofreria grande expansão, gerando mais empregos e riquezas para o Brasil, que seguia neutro nos conflitos armados e possuía mais interesse em exportar do que em utilizar os veículos.
Porém, o contrato nem chegou a ser assinado. Derrotado na disputa, os Estados Unidos apelaram para a pressão política e o boicote, acusando o Brasil de vender armamento para países inimigos e estreitando relações com a Arábia. Sem o retorno do investimento, a Engesa decretou falência e o Osório virou sucata; um tanque que ainda hoje causa admiração pela alta tecnologia empregada.
Esta é a verdade. Uma parte da história que talvez você não conhecia ( eu também não). A conclusão é: mesmo com tantos boicotes e golpes que os EUA aplicaram no Brasil, o país norte americano ainda é venerado por aqui. Uma pena!
Gerson Dickel, nascido em 21/01/1997, em Viadutos, é locutor, repórter, redator e colunista da rádio Comunidade FM. Cursa graduação em Letras – Português e Espanhol pela FAEL (Faculdade Educacional da Lapa).
- Autor: Gerson Dickel
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