"Entreguem a taça depois do jogo". A frase enfática de Roberto Melo após o assalto (sem aspas) de ontem à noite talvez seja a melhor definição do vergonhoso esquema envolvendo CBF, STJD e Rede Globo de Televisão, cujo objetivo é manter no Eixo Rio/São Paulo o domínio do futebol nacional. O Internacional, historicamente o maior desafeto da confederação (vide 2005, Esporte Interativo e Victor Ramos), cruzou o caminho do eixo e hoje paga o preço por sonhar alto numa temporada emblemática para os colorados gaúchos.

Não sou adepto ferrenho de teorias da conspiração, mas o assalto à mão armada (apito calibre .50) em São Januário, deixou claro que a vitória do Inter não seria permitida. A falta clara não marcada em Nico Lopez e a simulação ridícula do jogador vascaíno no mesmo lance foi a cajadada que abateu dois coelhos: tirou do Internacional dois pontos e vários jogadores da próxima partida.

Em 31 rodadas, o colorado foi efetivamente beneficiado em apenas um jogo, contra o Corinthians em Itaquera (milagres acontecem). Já os jogos com prejuízo claro (alguns sem explicação racional) precisam de duas mãos para serem contabilizados. Não pode ser coincidência que nas últimas três rodadas haja muito o que reclamar; só de gols mal anulados já foi um festival.

Lembro que nas primeiras rodadas do campeonato, o Cruzeiro era um dos postulantes ao título; foi caçado pela arbitragem de forma descarada. O Grêmio só não sofre deste mal por ter abdicado do Brasileiro. Se estivesse na disputa pelo caneco, certamente seria mais uma vítima. O regulamento aberto trata todos os clubes como iguais, já o regulamento "interno" prevê a preferência de cariocas e paulistas. Sabemos que é assim.

Disse bem Roberto Melo: "Entreguem a taça".

• Autor: Gerson Dickel / Comunidade FM
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