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Zé Ramalho e a polêmica letra de Kryptônia

Data da Noticia 08/01/2017

Zé Ramalho é um artista que carrega consigo muito da cultura nordestina. Nascido em Brejo da Cruz/PB, sofreu com a morte de seu pai, que se afogou ainda quando Zé era criança, e logo após foi criado por seu avô, cuja relação foi retratada em “Avohai” a primeira música de sucesso do artista.

Suas letras são sempre enigmáticas e cheias de significado, o que faz delas, letras muito difíceis de se compreender. “Kryptônia” por exemplo, traz elementos dos quadrinhos do Super Homem, para a letra. Super Homem teria vindo de um planeta chamado Krypton, que explodiu e fez com que ele viesse para a Terra em um asteroide. Pedaços deste planeta também vieram parar na Terra, e são conhecidos como Kryptonita. Então, poeticamente falando, Zé Ramalho ao ler quadrinhos do Super Homem teria tido a ideia de compor Kryptonia.

Outro fato importante, é que a música é escrita tendo como o eu lírico Satanás, ou seja, a música tem por intenção demonstrar ao ouvinte que o próprio Satanás está falando com ele, o que fica claro na análise. Sabemos que Zé Ramalho é adepto à teoria da Nova Ordem Mundial, o que deixa ainda mais claro a letra.

Temos por costume ter Satanás ou Diabo como abominações e símbolo do mal, e é sobre isso que a música começa falando:

 

Não admito que me fale assim.

 

Eu sou o seu décimo-sexto pai,

 

sou primogênito do teu avô, primeiro curandeiro,

 

alcoviteiro das mulheres que corriam sob teu nariz.

 

A música diz que não podemos falar mal de Satanás e diz quais são os motivos. Ao dizer que é o nosso décimo-sexto pai e, além disso, o primogênito do nosso avô, nos dá a entender que é um parente distante. Nos dá a entender também que é ele a origem de todos nós, visto que não define a quem fala, podendo ser o interlocutor qualquer uma das pessoas que o criticam.

Ser o primeiro curandeiro está aí para enfatizar a fato do eu lírico ser o Diabo, visto que é um ato quase sempre associado ao ato de magia negra. Seria ele o primeiro a praticar tais atos. É ele também aquele que intermedeia a discórdia, o alcoviteiro.

A pergunta que se faz neste momento é por que Satanás é a origem de tudo e todos.

Me deves respeito, pelo menos dinheiro.

 

Ele é o cometa fulgurante que espatifou.

 

Um asteroide pequeno que todos chamam de Terra

 

Ao completar sua fala anterior, de que merece respeito, o interlocutor diz o porquê de merecê-lo, pois ele seria o cometa que espatifou e deu origem à Terra, segundo o Big Bang.

Vemos nessa parte da música uma ligação à história do Superman. A kryptonita fazia mal aos habitantes de Krypton. Satanás também seria algo ruim para os céus, onde estava, se levado em consideração que era um anjo. Ambos vieram à Terra por meio de um asteroide.

Mas desde quando o Satanás veio à Terra por meio de um asteroide?

Seguindo na linha de pensamento de que o Diabo era um anjo, por ser o pai da mentira e tentar igualar-se ou sobressair-se a Deus, caiu dos céus, que ficaria fora da Terra. Sendo assim, sua massa adquire velocidade, transforma-se em um asteroide que dá origem ao nosso planeta.

Prestem atenção que a música não só designa o Diabo como o agente formador da Terra, mas também como ela própria.

 

De Kryptônia desce teu olhar

 

e quatro elos prendem tua mão.

 

Cala-te, boca... companheiro, vá embora, que má-criação!

 

De outro jeito não se dissimularia a suma criação

 

E foi o silêncio que habitou-se no meio 

 

Ele é o cometa fulgurante que espatifou

 

um asteroide pequeno que todos chamam de Terra

 

Se antes o interlocutor era Satanas, agora a voz é de Deus. Para Zé Ramalho, Kryptônia seria o céu. É de lá viria o Diabo. Deus o descreve, assim como descreve o momento em que foi expulso de seu reino e o momento em que ele espatifou, formando a Terra. Interessante como, nesse contexto, "má-criação" toma o sentido de, realmente, uma criação ruim.

 

Está é a teoria de Zé Ramalho. Que podemos ver nos significados ocultos dentro do clipe de “Sinais” e tantas outras letras do mesmo. Ele tenta unir criacionismo e evolucionismo, e dentro de suas letras, consegue transmitir de uma maneira muito interessante.

 

 

João Dalbosco. 24 anos, estudante de história, músico e amante da literatura.



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  • Autor: João Dalbosco
  • Imagens: Internet

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