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Uma em cada 20 mulheres carrega gene que 'sabota' métodos anticoncepcionais

Data da Noticia 15/03/2019
Quem tem esse traço genético pode engravidar mesmo fazendo controle de natalidade; é a primeira vez que isso é constatado pela ciência.

Mesmo fazendo uso de métodos anticoncepcionais, algumas mulheres podem engravidar porque o próprio DNA delas "sabota" o controle de natalidade. Pela primeira vez, um estudo científico conseguiu constatar que uma em cada 20 mulheres carregam um gene que impede a eficácia completa de contraceptivos hormonais. A pesquisa foi realizada na Escola de Medicina da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e publicada na revista "Obstetrics and Gynecology".

Os autores destacaram que tal achado poderia ajudar a abordar preconceitos de profissionais de saúde e da população em geral. Afinal, muitas pessoas supõem que mulheres que tomam anticoncepcional e engravidaram simplesmente não usaram o método corretamente.

— Quando uma mulher diz que engravidou durante o controle de natalidade, a suposição sempre foi de que, de alguma forma, foi culpa dela — diz Aaron Lazorwitz, principal autor do estudo. — Essas descobertas mostram que devemos ouvir nossas pacientes e considerar se há algo em seus genes que causou isso.

Como foi feita a pesquisa

Aaron Lazorwitz e seus colegas estudaram o DNA de 350 mulheres que usavam um implante contraceptivo que consiste em uma pequena haste de plástico colocada sob a pele do braço. Essa haste libera hormônio progestagênio para evitar que elas ovulem.

Os pesquisadores utilizaram o sequenciamento genético das participantes da pesquisa para examinar seções do DNA conhecidas por estarem envolvidas na regulação hormonal.

Eles descobriram que cerca de 5% das participantes tinham uma forma diferenciada do gene CYP3A7*1C. Normalmente, ele se ativa apenas quando a pessoa ainda está no útero, mas se desliga pouco antes de ela nascer. No entanto, mulheres com a forma ativa do gene continuam a produzir uma enzima CYP3A7 para o resto da vida.

— Essa enzima quebra os hormônios de controle da natalidade e pode colocar as mulheres em um risco maior de gravidez durante o uso de contraceptivos, especialmente os métodos com doses mais baixas — afirma Lazorwitz. — Essas descobertas marcam a primeira vez que uma variante genética é associada ao controle da natalidade.

Com milhões de mulheres usando alguma forma de contracepção hormonal e cerca de uma em cada 20 potencialmente carregando esse traço genético, mesmo um pequeno risco aumentado pode ter grande impacto.

Isso pode ser importante para os médicos, bem como para os pesquisadores que trabalham em novos tratamentos para o controle da natalidade. Segundo os autores da pesquisa, esse achado pode ajudar mais mulheres a evitar os impactos emocionais e financeiros decorrentes de uma gravidez não planejada.

Outros pesquisadores relativizam

No entanto, cientistas independentes, não envolvidos no estudo, disseram que essa descoberta não devem afastar as mulheres da contracepção hormonal.

A professora Sharon Cameron, codiretora da Unidade de Eficácia Clínica da Faculdade de Saúde Sexual e Reprodutiva, disse ao "Independent" que uma em cada mil mulheres com um implante de progestágeno engravidará ao longo de três anos.

— Embora a composição genética possa ter um impacto sobre o quão bem a contracepção pode funcionar para algumas mulheres, este é apenas um estudo e é muito cedo para dizer se uma tecnologia relacionada a isso será útil no futuro — acrescentou. — Ainda está longe de se tornar realidade qualquer aplicação clínica dessa tecnologia. Por exemplo, um teste genético que diria às mulheres se elas quebrariam os hormônios na contracepção em maior grau do que outras mulheres, tornando a contracepção hormonal menos eficaz para elas.



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  • Autor: O Globo
  • Imagens: Pixabay

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