A estiagem castiga lavouras no Rio Grande do Sul, fazendo com que quase 400 prefeitos já tenham decretado Situação de Emergência devido à falta de chuvas. Com o objetivo de discutir ações e sensibilizar a população urbana sobre as dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar, que ocorreu nesta quarta-feira, 2 de fevereiro, em Erechim uma Audiência Pública Regional para tratar do tema. A atividade foi promovida pelo Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Alto Uruguai (SUTRAF-AU) e pela União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes Erechim).

O encontro reuniu agricultores de toda a região do Alto Uruguai contando com a participação de lideranças. De acordo com o coordenador geral do Sutraf Alto Uruguai, Alcemir Bagnara, a importância da audiência pública se dá por diversos fatores, onde os agricultores precisam mostrar sua força para a sociedade e os governos, para que suas demandas sejam atendidas. “Queremos sensibilizar o governador e o governo federal para que atenda nossas pautas, além disso, queremos demonstrar para toda a população que as perdas vão se refletir em todos os setores, inclusive na área urbana. Estamos em busca de apoio de todas as organizações dos governos municipais, do comércio, dos sindicatos urbanos, enfim de todas as entidades que trabalham e tem relação com a agricultura familiar”, comentou Bagnara.

O representante da Unicafes, Neri Pies, destacou que a estiagem atinge diretamente todas as cooperativas, pois todas trabalham com público rural, sejam de eletrificação, de habitação, de crédito ou agropecuárias. “Milhares de agricultores da região são associados a esses ramos cooperativos. Além do mais, o cooperativismo em seus sete princípios, tem um que dialogar diretamente com os agricultores, tendo preocupação com a comunidade. Em toda região alto Uruguai temos agricultores associados a cooperativas e são essas pessoas e entidades que fazem a diferença no desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental”, afirmou.

Pies disse também que a Unicafes-RS vem há dois anos cobrando ações para combate da estiagem do governo estadual e federal, no entanto, nenhum dos dois atendeu as pautas entregues. “Precisamos de crédito estadual e federal para manter a subsistência dos agricultores familiares e crédito para manter a propriedade e animais. Precisamos de repactuação das dívidas com o governo federal e estadual para pagar daqui alguns anos, pois não adianta jogar as parcelas vincendas para frente alguns meses. Precisamos de um comitê estadual com integrantes do governo, sociedade, instituições financeiras e parceiras para debater diariamente a gravidade da estiagem. Enfim, precisamos que os governos operem as atuais políticas públicas e abram espaço para construirmos novas. Não adianta promessas governamentais, visitas de ministros, precisamos de liberação de recursos e operacionalização de políticas públicos, o que é um dever do Estado”, finalizou.

O coordenador geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf/RS), Douglas Cenci, destacou a preocupação com a situação da agricultura. “São mais de 270 mil famílias que estão vivendo a situação, quase 400 municípios decretaram a Situação de Emergência e mais de 20 mil famílias estão sem água. Sem a condição de produzir seus próprios alimentos, sem condição de ter renda, de viver com dignidade fazendo uma tarefa importante que é produzir alimentos. Infelizmente o governo do estado e federal não anunciaram nenhuma medida que possa socorrer os agricultores”, afirmou Cenci.

Conjuntos de medidas visam socorrer agricultores                   

Durante a atividade foi discutido um conjunto de medidas necessárias que visam minimizar os impactos da estiagem. Um documento com as proposições que destacam a necessidade decretação de Situação de Emergência em nível estadual; liberação de um crédito alimentar no valor de R$ 3 mil por família de agricultores familiares; aprovação do Crédito Emergencial Rural, por meio do PL 115/2021; assim como a retomada de uma política consistente e permanente de armazenamento, irrigação e de abastecimento de água, estão entre as medidas propostas.

O prefeito de Getúlio Vargas e presidente da Associação dos Municípios do Alto Uruguai (AMAU), Mauricio Soligo, participou do evento entregando um documento que será enviado para Famurs em ensossa a posição da Fetraf e solicita a diligência da entidade junto ao governo do estado para promoção das medidas necessárias em auxílio aos agricultores familiares.

A Emater apresentou os dados da estiagem a todos os presentes, por meio do gerente regional, Gilberto Tonello.

Participaram da atividade, o prefeito de Gaurama, Leandro Márcio Puton; o prefeito de Itatiba do Sul, Valdemar Cibulski (Polaco); o prefeito de Benjamin Constante do Sul, Nilton Valentini; além de vereadores de diversos municípios e representantes de entidades.

Cerca de 400 agricultores participaram do encontro que encerrou com uma caminhada até o centro de Erechim.

Apoio

A audiência Pública Regional contou com o apoio do MAB, CAPA, CETAP, UERGS (Unidade Erechim), UFFS (Campus Erechim), Sindicato da Alimentação (Erechim e Gaurama), Sindicato dos Metalúrgicos (Erechim), CPERS (Erechim) e Atapers. 

• Autor: Jéssica França / Ascom SUTRAF AU
• Imagens: Divulgação