Cleo Dallagnol-Falando de cultura!
Chaplin e a palhaçaria
Como comentei na matéria anterior, nossa cultura é ampla e uma das suas vertentes é a palhaçaria. Existe uma enorme confusão com relação à esta arte, que não é tão recente assim como se pensa. Ela está muito longe de ser “ distração” para festas infantis ou animação em porta de loja.
O palhaço perdeu muito sua essência de origem quando foi para a televisão e essa mudança de espaço de atuação é que gerou essa confusão. Personagens como Bozo, Patati e Patatá, Ronald MC Donald não são reconhecidos como palhaços, mas sim, “palhaços comerciais”, cujo único objetivo é vender produtos e qualquer pessoa pode ser, basta vestir o figurino, ensaiar as músicas, fazer a coreografia, decorar o texto e pronto. É mecânico, sem emoção.
Já o palhaço de essência é único. Charles Chaplin é famoso e muitas pessoas usam seus figurinos, fazem imitação, mas ele é ÚNICO. Nunca haverá outro. Essa é a diferença. O palhaço não representa, ele é. Vive a emoção em toda sua plenitude. É livre e questionador. Charles escrevia seus roteiros, compunha suas músicas, mas tudo que ele fazia em seus filmes, era a sua mais pura essência, sua emoção.
Por ser um gênio, ele conseguia trazer para seus filmes, sua visão de palhaço sobre o mundo e como ele o percebia. Uma sugestão para que vocês possam conhecer um pouco mais sobre a arte da palhaçaria e a influência de Charles Chaplin, assistam o filme Tempos Modernos.
Na próxima matéria, vou comentar sobre a influência italiana na arte da palhaçaria e um pouco da sua história. Cada um tem o seu dom e o do palhaço é, essencialmente, promover a alegria e a reflexão de que o mundo pode ser bem melhor, basta cada um fazer a sua parte e ele faz a sua: transforma suas tristezas e amarguras em belas bobagens.
Espero que assistam e se divirtam.
Abraços a todos e até a próxima.
Sobre a autora:
Cléo Dall´Agnol, professora, diretora e pesquisadora da arte da palhaçaria e comédia. Formada pela SITORNE-Salvador-BA, ampliou seus conhecimentos na área da Cultura no CCE, SESC e FIAC em Salvador. No Rio de Janeiro, participou do Encontro Internacional de Palhaços “Anjos do Picadeiro” e aprofundou seus conhecimentos com os maiores mestres nacionais e internacionais como Alexandre Luiz Casali e Ésio Magalhães –SP, Daniela Carmona –RS, Nanny Cogorno e Chacovachi (Argentina),Leris Colombaiane (Itália),Hilary Chaplain (EUA) e Aziz Gual (México).
- Autor: Cleo Dallagnol
- Imagens: Internet