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EL NIÑO – A REALIDADE SEM TERRORISMO

Data da Noticia 17/11/2015

O anúncio ontem da Organização Meteorológica Mundial (WMO/OMM) de que o El Niño deste ano é um dos mais intensos dos últimos 50 anos, fato que a MetSul há vária semanas informa a seus clientes e o público na mídia, desencadeou uma série de notícias e informações carregadas de exageros e alarmismo em torno do tema. Notas, escritas em sites populares das redes sociais que não são mantidos sequer por especialistas da Meteorologia, chegaram a falar em “El Niño catastrófico para o planeta”, o que reforça a importância de se alertar o público em consumir informação meteorológica apenas em fontes que sejam profissionais. Leia a seguir o que é real e se informe, sem medo ou alarme, sobre o El Niño em curso.

A anomalia de temperatura da superfície do mar (TSM) no Pacífico Equatorial Central (chamada região Niño 3.4) atingiu na última semana +3,0ºC. A marca de +3,0ºC é maior da série OISST v2 de 1990 a 2015, um recorde histórico que bate os +2,8ºC registrados no final de 1997 durante o Super Niño de 1997/1998. Ocorre que no Pacífico Leste (denominada região Niño 1+2) hoje, apesar de significativa, a anomalia é de +2,0ºC, bem abaixo do pico de +3,3ºC de julho deste ano. No final de 1997, a anomalia nesta parte do Pacífico Equatorial chegou a +4,6ºC ou quase o dobro da anomalia atual. Em se tratando de El Niño, este evento de Super El Niño de 2015 é mais intenso que o Super El Niño de 1997/1998 no Pacífico Central, porém mais fraco que o de quase duas décadas atrás.

Em comunicado, a Organização Meteorológica Mundial informou ontem que o El Niño tem margem para se intensificar mais até o fim do ano. Verdade, há margem para que o atual episódio ganhe um pouco mais de força, mas o fato é que o El Niño atualmente está ao redor do seu pico e qualquer intensificação que ocorrer não deve ser muito maior do que já se verifica. Repetimos, o El Niño atual está no topo! Mais. O entendimento da MetSul é que o fenômeno deve enfraquecer ao longo do verão e mesmo uma reversão para La Niña não pode ser descartada ao longo de 2016, como a MetSul Meteorologia já destacou esta semana no jornal Correio do Povo.

Para a OMM, hoje o El Niño está em “território desconhecido”, já que nunca antes se observou o Pacífico com águas tão quentes em período de aquecimento da temperatura do planeta. Isso não significa que o planeta enfrentará uma situação de catástrofe, como sugerem as análises despreparadas ou interessadas de forma irresponsável em gerar “buzz” em redes sociais, facilmente consumidas e aceitas por uma enorme fatia do público que por ser leiga no tema acaba aceitando de boa fé como fato informações imprecisas ou grosseiramente fora da realidade. As conseqüências do El Niño, que já tem praticamente um ano de duração, são as comumente observadas em eventos intensos do passado tais como 1982/1983 e 1997/1998, o que no caso do Brasil significa excessos de chuva no Sul, parte do Sudeste (mais no verão), e escassez de chuva em parte do Norte/Nordeste.

No caso do Rio Grande do Sul, os efeitos do El Niño seguirão sendo sentidos no Estado até o começo de 2016, mas, historicamente, por toda a literatura técnica, o período mais crítico aqui se dá entre o inverno, a primavera e o começo do verão gaúcho, notadamente entre setembro e janeiro. O Rio Grande do Sul experimentou meses de chuva extrema em julho e outubro, com cheias até históricas, efeitos em parte do El Niño que começou mais cedo que o habitual, mas o risco de grandes enchentes é menor no fim da primavera e no verão.

O risco sim no território gaúcho nas próximas semanas são eventos locais ou regionais, mais localizados, de chuva extrema com acumulados excepcionais, como visto em janeiro de 2010 no caso da queda da ponte em Agudo. Entre dezembro e janeiro segue ainda acima da média o risco de que se produzam temporais com vento e granizo no território gaúcho, sendo que alguns casos podem se dar por ondas de tempestades com reflexos em um grande número de cidades.

Logo, o quadro se mantém de alerta, mas a anunciada “catástrofe mundial” não ocorrerá! Apenas na mente de quem tem interesse em fomentar o medo em busca de cliques e compartilhamentos. (O mapa mostra a diferença de anomalia da temperatura da superfície do mar entre novembro de 1997 e novembro de 2015 e são observadas águas muito menos quentes que há 18 anos no Pacífico Leste, indicando um El Niño bem menos intenso na região).



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  • Autor: Metsul Meteorologia/ Estael Sias e Eugen
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