OLIVEIRAS ATRAEM INVESTIDORES DE OUTROS ESTADOS E ESTRANGEIROS
Acostumado a exportar produtores rurais para rincões distantes, o Rio Grande do Sul vem experimentando o caminho inverso ao receber investidores de fora atraídos pelo potencial do cultivo de oliveiras.
Com clima propício para a cultura, temperaturas baixas no inverno e estações definidas, o Estado está se tornando um polo nacional na produção de azeite de oliva — despertando o interesse de empresários brasileiros e até de grupos internacional.
As oliveiras cultivadas em solo gaúcho estão chamando a atenção de empresas multinacionais. Recentemente o Estado recebeu a visita de executivo do grupo português Andorinha, uma das maiores indústrias de óleos extravirgem do mundo interessada em conhecer a produção do Estado.
No mês passado, um belga e um português estiveram em Bagé olhando áreas para investir, conta Paulo Lipp, coordenador da Câmara Setorial das Oliveiras da Secretaria da Agricultura. Além do clima propício para o cultivo, o interesse no Estado é explicado pelo preço da terra — bem inferior às médias europeias. Enquanto um hectare aqui custa em torno de US$ 3 mil, na Europa pode passar de US$ 50 mil.
Além das condições climáticas e disponibilidade de terras, a topografia plana da Metade Sul do Estado é propícia para a mecanização.
Mercado brasileiro empolga empresários
Não são apenas as características geográficas do Rio Grande do Sul que atraem investidores de fora para cá. O mercado brasileiro, segundo maior importador de azeite extravirgem e de azeitonas do mundo, também empolga empresários. E não é para menos. Hoje, 98% do azeite de oliva consumido no país é importado, com as marcas nacionais representando apenas 2% da oferta.
— Enquanto o azeite produzido na Europa leva seis meses até chegar ao Brasil, o nosso tem um frescor de uma fruta colhida e engarrafada para o consumo em apenas uma semana — compara o empresário paulista Luiz Eduardo Batalha, que produz 450 hectares de oliveiras em Pinheiro Machado, no sul do Estado.
Maior produtor individual do Brasil, Batalha começou a investir nos olivais em 2010, quando plantou 35 hectares no município, onde cria gado angus há mais tempo. De lá para cá, aumentou em mais de 10 vezes a área dos pomares.
— Temos um produto de qualidade, premiado em concursos internacionais, e uma oportunidade comercial única — resume Batalha, 70 anos.
Cabe destacar que a cultura da oliveira foi introduzida no Rio Grande do Sul em 1948, através da Secretaria de Agricultura (setor oleícola), com propósitos de pesquisa, sendo que as mesmas perduraram até o início dos anos 80. Após 26 anos, a Embrapa Clima Temperado retornou a realizar pesquisas com oliveiras. Desde então, várias ações foram desenvolvidas (introdução e avaliações agronômicas de cultivares, formação de banco ativo de germoplasma, manejo fitotécnico e fitossanitário de olivais, tecnologias de propagação sexuada e assexuada, avaliações fenológicas, zoneamento agroclimatológico, etc.) as quais proporcionaram subsídios à elaboração do sistema de produção sobre o Cultivo da Oliveira. A publicação disponibiliza informações básicas sobre as principais tecnologias geradas e adaptadas para a cultura da oliveira na região sul do Brasil.
Joana Colussi - Zero Hora Campo e Lavoura
- Autor: Joana Colussi - ZH Campo e Lavoura
- Imagens: Internet/Divulgação