Os laranjas da guerra
Instituições de mentira e mortes de verdade.
Estima-se que a Guerra da Síria já tenha deixado, em seis anos, 400 mil mortos, 6,5 milhões de desabrigados e mais 5 milhões de refugiados. À distância, não temos noção de como um conflito armado pode ser sangrento. Mas o que mais produz em mim indignação não são "os lobos se devorando pelo domínio da terra"; são "os corvos furtivos sobrevoando o campo da desolação".
Na madrugada desta sexta-feira, o exército estadunidense bombardeou bases aéreas do governo sírio. Foram 60 mísseis, segundo Trump, como resposta ao ataque químico da semana passada. Conte outra. A Rússia já prometeu reforçar as defesas do país para eventuais novos ataques. Queria muito acreditar que EUA e Rússia estivessem interferindo pelo bem da população síria; mas meus tempos de ingenuidade há muito se findaram. Os Estados Unidos, ainda por cima, possuem um fantoche em seu poder.
Aprendemos na escola que a ONU foi criada após o término da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de mediar conflitos e garantir a paz. Vá por mim; não acredite em tudo o que os livros didáticos te mostram. A Organização das Nações Unidas é uma "laranja", criada e fortalecida a fim de defender os interesses dos EUA e de seus aliados. Na Guerra do Iraque e no Afeganistão, onde estava a ONU? Calou-se. O terrorismo no Oriente Médio não tira o sono dos norte americanos; o petróleo sim.
Enquanto organizações, tratados e países agem de mentira, centenas de milhares morrem de verdade.
Gerson Dickel, nascido em 21/01/1997, em Viadutos, é locutor, repórter, redator e colunista da rádio Comunidade FM. Cursa graduação em Letras – Português e Espanhol pela FAEL (Faculdade Educacional da Lapa).
- Autor: Gerson Dickel
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