Para depois da pandemia
Mesmo que o surto seja passageiro, mudanças devem ser permanentes.
Desde a primeira notícia sobre o vírus, ainda em 2019, chegam até nós, diariamente, as fatídicas estatísticas da maior pandemia dos últimos anos. Dados que não permitem desespero, nem admitem negligência. Afinal, o que pode parecer mais uma gripe para a maioria, pode levar à morte uma minoria debilitada. E num planeta habitado por bilhões, qualquer minoria é muita gente. Essa minoria, se não for você, pode ser um ente querido seu. Por isso, peque por exagero e não por indiferença. Lembre-se que, num mundo globalizado, China e Itália são o quintal de casa, e nada está longe o bastante para que possamos ignorar. É preciso cautela, paciência e muita compreensão com as medidas impostas por aqui. É o que se pode fazer, e está sendo feito.
Otimista, creio que nos sairemos bem. Tendo como exemplo a situação de outras nações em estágio mais avançado de contágio, estamos nos antecipando, prevenindo o que ainda não se pode remediar. Além disso, a evolução do quadro nos primeiros focos do surto indica uma redução no número de casos e óbitos após determinado período; e tudo indica que a descoberta de medicamentos e vacinas eficientes controle o avanço do vírus em breve.
Porém, ainda que a pandemia acabe, tenha fim a quarentena e o comércio reabra as portas, certamente teremos mudanças significativas em nosso modo de vida, no relacionamento interpessoal e na forma de enxergar o planejamento em saúde. O novo vírus deixa claro que os sistemas de saúde, na maioria dos países, não estão preparados para excepcionalidades como esta: faltam investimentos, estrutura e material humano. Se o sistema for insuficiente, qualquer novo patógeno será uma ameaça em potencial.
Imagino ainda que, após a pandemia, se dará maior atenção aos cuidados com a higiene pessoal e ao controle sanitário; isso no âmbito global. Caso você não saiba, hábitos tão básicos para os brasileiros, como o banho diário, a limpeza frequente das mãos e a utilização de guardanapo para o consumo de comida rápida não são tão básicos em outros países (por cultura ou racionamento). Outrossim, até mesmo o famoso aperto de mão pode estar ameaçado. Novos riscos impõem o surgimento de novos hábitos, e o abandono de outros.
Depois da pandemia, o mundo terá de se reinventar: na economia, na forma de atendimento ao público, em novas ferramentas de trabalho, nas relações interpessoais, na convivência em família e em sociedade, no planejamento em saúde e na transparência da informação. Enfim, no meio de tanto caos, talvez brote um pouco mais de humanidade em todos nós. Penso eu, otimista como sou.
- Autor: Gerson Dickel
- Imagens: Ilustrativa