Trabalho na Escola Luiz Badalotti no cargo de auxiliar de disciplina acompanhando um menino autista e gostaria de colocar algumas impressões sobre o porquê de uma criança com deficiência necessitar de alguém que acompanhe ela em sala de aula. Acredito que seja um debate necessário para todos nós enquanto sociedade, afinal, as políticas de inclusão existem e as pessoas estão aí para serem bem tratadas e terem duas demandas básicas supridas pelo poder público.

Buenas, em primeiro lugar, e acho que mais importante, é: toda a pessoa com deficiência precisa de um certo nível de suporte, seja para higienização, questões pedagógicas, questões de interação social, alimentação e até mesmo um suporte emocional em momentos de crise. Não podemos falar que uma deficiência é “leve”, pois todas elas têm suas complexidades e necessidades para que a pessoa possa levar uma vida social, familiar e funcional de maneira tranquila.

Um exemplo de caso: na entrada da escola sempre há muito barulho e isso incomoda crianças/jovens autistas por conta da sensibilidade ao barulho (lembrando que cada criança é única e pode haver um autista que não se incomode com barulhos). Tendo um monitor ao lado desse aluno, pode ir direto para sala de aula e ficar tranquilo até o início da aula sem passar pelo stress do excesso de ruídos (também dá pra desligar a luz, caso o estudante goste). Ou na volta do recreio, quando também é barulhento, o aluno ir direto para a sala, evitando qualquer sobrecarga sensorial. Para tanto, esse é o procedimento que adoto com meu estudante e tem dado muito certo.

Um monitor também é importante para, muitas vezes, evitar uma crise, pois, uma sala de aula também pode ser bem barulhenta e também com muitos estímulos luminosos, podendo desencadear crise na criança/jovem. Um monitor atento a essa condição pode muito bem tirar o estudante da sala e leva-lo para um lugar mais tranquilo da escola, caminhar um pouco antes de qualquer alteração que cause maiores prejuízos.

Também é importante para auxiliar em questões pedagógicas (sempre lembrando que quem ministra aula é o professor, mas o monitor auxilia o estudante no que ele precisar). Que vai desde conduzir o estudante a fazer o que lhe fora proposto em sala de aula (mesmo que sejam atividades adaptadas) até à leitura de provas e trabalhos sempre que necessário.

Ter um monitor que acompanhe essas crianças e jovens na escola é um direito básico garantido pela lei 13.146/2015, onde, no Capítulo IV, artigo 28 e inciso XVII é dito que é necessária a “oferta de profissionais de apoio escolar”. Ou seja, é garantido por lei que todo estudante com deficiência tenha suporte na escola (para tanto, vide a lei https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm) e o poder público deve ser cobrado para tal.

 

Por: Adilson Junior Pilotto, graduado em Filosofia pela UFFS Campus Erechim e Auxiliar de Disciplina na escola Luiz Badalotti. Colunista/colaborador da Comunidade FM.

• 

• Autor: Adilson Junior Pilotto
• Imagens: Arquivo pessoal