No transcorrer das comemorações do Dia do Gaúcho, nossos pequenos exploradores embarcaram em uma atividade singular: uma experiência com a terra. Cada criança teve a oportunidade de peneirar a terra, um processo que lhes permitiu perceber a riqueza de nuances que esse elemento guarda. As terras variavam em espessura, tamanho e peso, e para a nossa finalidade, era essencial classificá-las e separá-las. A terra mais fina foi cuidadosamente reservada e guardada, destinada a uma futura etapa: a pintura. Essa experiência não apenas proporcionou lições práticas, mas também incitou a compreensão da paciência e da espera, qualidades muitas vezes escassas nos dias de hoje.

Por sua vez, a terra remanescente, ou seja, os torrões, não foram negligenciados. Tivemos momentos de partilha de refeições e outras brincadeiras igualmente cativantes. Retomando a nossa jornada com a terra, selecionamos os ingredientes necessários para criar nossa própria tinta: terra peneirada finamente, uma pitada de água e uma medida de cola. Com esses elementos cuidadosamente misturados, as crianças tiveram a oportunidade de pintar a cabeça de seus cavalinhos de forma única e personalizada. Cada um adicionou seu toque especial e, após a conclusão, as pinturas foram gentilmente deixadas para secar.

A próxima etapa se desenrolou no dia seguinte, quando nos reunimos para adicionar as crinas aos cavalos. Cada criança teve a liberdade de escolher a cor da crina, que poderia ser feita de barbante cru, preto ou vermelho. O processo de colagem foi uma experiência que aprofundou ainda mais nosso comprometimento com nossos projetos criativos. Esses cavalinhos foram concebidos como representação da cultura gaúcha, pois no desfile de 7 de setembro, as crianças do Maternal I Vespertino fariam parte da comitiva da cavalgada, representando nossa cultura gaúcha. Com os cavalos prontos, estávamos ansiosos pelo nosso desfile.

Entretanto, após todo o treinamento e preparação, uma notícia trouxe consigo um desafio inesperado. O decreto do governo estadual anunciou o cancelamento do desfile devido ao estado de calamidade pública causado pelas enchentes que assolaram a região. Não poderíamos deixar de nos consternar com as famílias que foram afetadas pelas chuvas, um lembrete de que a vida muitas vezes nos reserva surpresas inesperadas.

Mas mesmo com o cancelamento do desfile, não podíamos permitir que nossas tradições gaúchas fossem esquecidas. Assim, compartilhamos com as crianças histórias e brincadeiras que destacam a importância de nossa cultura. Nosso povo cultiva costumes como a roda de chimarrão, as comidas típicas como o churrasco, carreteiro e o sagu com creme, além do frequente encontro nos Centros de Tradição Gaúcha (CTG). Também passamos adiante ditados populares, como "lamber a cria", "chamar na chincha", "desabar no tempo", "ir para o sol" e "chupar bergamota", que trazem consigo o espírito e o vernáculo de nossa tradição.

Essas práticas não só mantêm viva nossa herança cultural, mas também fortalecem nosso orgulho gaúcho. Os trajes típicos, como a pilcha, bota, bombacha, lenço no pescoço, ou os vestidos de prenda, chapéus e alpargatas, são testemunhas visuais dessa rica tradição. A dança também desempenha um papel fundamental em nossa cultura, e apresentamos algumas danças que foram influenciadas por diferentes grupos étnicos, como a chimarrita, chula, vaneira, vaneirinha, vaneirão e mazurca, esta última uma fusão de rancheira e dança de salão.

Queremos expressar nossa gratidão pelo empenho e dedicação de toda a equipe do Maternal I Vespertino na construção deste momento inesquecível, marcando a busca pela independência de cada criança. A cada passo, a cada nova proposta, esperamos promover o pensamento crítico e a descoberta de que cada objeto possui inúmeras possibilidades, cabendo a cada criança optar e escolher como torná-lo útil.

Texto autoral da professora e pedagoga: Maristela Beal da Rosa.

Atendentes: Adenilse, Emily e Marília.

Estudantes: Ana, Beatriz, Benjamim, Brayan, Emanuel, Filiphy, Fiorella, João, Julia, Lorenzo, Manuela, Maria e Valentina.

• Autor: Ass. de Imprensa de Viadutos
• Imagens: Equipe EMEI